Cariri concentra uma das maiores formações de fósseis do mundo

DO CARIRI PARA O MUNDO

Em uma pequena cidade no sul do estado do Ceará, Santana do Cariri, está um dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo, com fósseis em destaque pela sua excelente preservação.

A cidade faz parte da Bacia Sedimentar do Araripe, localizada no extremo sul do estado do Ceará, compreendendo ainda porções dos estados de Pernambuco e Piauí, com uma área próxima de 10 mil quilômetros quadrados.

Segundo Alexandre Sales, diretor do Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri, na área da Bacia Sedimentar do Araripe se desenvolveram lagos amplos há 110 milhões de anos, que evoluíram para uma laguna com influências de um mar interior. Por conta disso, os fósseis da Formação Santana exibem uma rica fauna e flora desses antigos ambientes, com elementos aquáticos e terrestres bem preservados. “O processo de fossilização iniciou-se com o endurecimento, ainda nos primeiros estágios da decomposição. Os ossos são pouco alterados e os fluidos corporais dos animais contribuíram nesse endurecimento”, informa o diretor.

Historicamente, o berço da Palentologia do Brasil é a região da Bacia Sedimentar do Araripe, local onde foi encontrado o primeiro fóssil brasileiro descrito. Refere-se a um peixe Rhacolepis em uma concreção carbonática, da região de Barra do Jardim, atual cidade de Jardim, na porção sudeste da Bacia. O peixe foi descrito na publicação do livro Viagem pelo Brasil (Reise in Brasilien), publicado entre 1823 e 1831, por Spix e Martius, dois naturalistas alemães.

Em mais de 180 anos de pesquisas paleontológicas, centenas de trabalhos já foram publicados. A impressionante preservação e a abundância, singulares para os fósseis da região do Araripe, não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo e a cada dia novas descobertas surpreendem os paleontólogos. 

Uma parte do acervo de fósseis da região do Cariri encontra-se no Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri – Urca, que possui cerca de três mil peças. O Museu está dividido em cinco coleções: exposição, científica, réplicas, reserva e uma itinerante. Esta última complementa a exposição Arte Brasileira nas Coleções Públicas e Privadas do Ceará e se constitui um capítulo especial no Espaço Cultural Unifor.

São 34 fósseis vindos diretamente do Museu da Urca, propiciando aos visitantes a oportunidade de conhecer a riqueza paleontológica da região do Cariri. Os interessados em conhecer um pouco do acervo do Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri terão uma grata surpresa ao visitar a exposição.